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Mensagens sobre política

Participação no “Coordinating Global Brain Projects Meeting”: o que foi e o que virá

Relato encaminhado pela colega Raquel Vecchio Fornari  (UFABC) de interesse geral:

No dia 19 de setembro foi lançado o International Brain Initiative durante uma reunião que acompanhou a 71ª Assembleia Geral da ONU. Não por acaso, no mesmo dia aconteceu, na Universidade Rockefeller, o Coordinating Global Brain Projects Meeting, organizado pelos pesquisadores Cori Bargmann (The Rockefeller university) e Rafael Yuste (Columbia University).

O principal objetivo deste evento foi reunir pesquisadores e administradores que representam projetos de larga escala que já estão acontecendo no mundo – como o BRAIN Initiative (EUA), o Human Brain Project (União Europeia), o Brain/MINDS project (Japão), o Brain Project on Cognition and Brain Disorders (Koreia), entre outros – assim como institutos e fundações de neurociência de vários países (tanto públicos como privados, ver abaixo), para estimular e coordenar projetos globais, juntando assim esforços e metodologias para avançar no entendimento do cérebro humano.

Para implantar o International Brain Initiave e promover um maior intercâmbio entre os grandes projetos de neurociência dos diferentes países, algumas idéias foram expostas e discutidas no evento, como a criação de uma estação internacional do cérebro (International Brain Station), onde dados de neuroimagem em humanos ou de expressão gênica em animais possam ser armazenados e compartilhados, para maximizar as possibilidades de colaborações tanto na pesquisa básica como na clínica. Outras propostas incluem o compartilhamento e padronização de ferramentas e tecnologias, incentivo ao intercâmbio de estudantes e pesquisadores, estimular projetos de fundações privadas (como Allen Brain, Simon Global Brain, Janelia, etc.) e coordenar mecanismos de financiamento para colaborações de alto impacto.

Como tudo isto irá, de fato, se concretizar, e principalmente qual será o papel ou a participação da América do Sul e do Brasil neste grande projeto, ainda está no ar. Mas talvez esta seja uma nova era para a neurociência mundial, e uma oportunidade que vale a pena seguir de perto. Eu tive o prazer de participar deste evento como ouvinte, e me coloco a disposição de quem quiser saber um pouco mais.

Raquel Vecchio Fornari

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Concursos para professores-pesquisadores: da democracia pretendida pelos editais à hipocrisia da vida real

Lézio Soares Bueno Júnior (Ribeirão Preto)

Prova escrita, prova didática, arguições sobre currículo e projeto de pesquisa, taxa de inscrição, gastos com transporte e estadia. Este é o pacote ao qual se submetem recursos humanos altamente especializados, geralmente oriundos da pós-graduação e/ou pós-doutoramento. A Constituição Federal pretende que concursos públicos nivelem oportunidades e apliquem filtros objetivos, visando à utópica meritocracia. Reflitamos, portanto, sobre a pertinência dessa intenção democrática nos concursos para professores-pesquisadores. Que nível de objetividade pode ser atingido quando esse tipo de concurso, em particular, depende de uma banca examinadora? Quão honesto é um contexto acadêmico repleto de anedotas do tipo “a vaga era pra ele(a)”? Estas e outras questões só vêm às nossas mentes quando deixamos de olhar para nossos umbigos, aos quais invariavelmente retornamos por causa das pressões da vida.

Concursos acadêmicos variam quanto ao cronograma, obediência a prazos, tamanho da comissão julgadora, transparência do julgamento, e até tarifação. Mesmo assim, esse método de seleção é relativamente padronizado e, teoricamente, democrático se contextualizado internacionalmente. Até onde sei, métodos de seleção similares a concursos são pouco prevalentes (se existentes) em universidades e instituições de pesquisa mundo afora. Segundo relatos de colegas estrangeiros, o jovem professor-pesquisador assume seu lugar ao sol mediante processos seletivos heterogêneos. Se em alguns casos o pós-doutorando se faz, ativamente, candidato, em outros ele é convidado a uma entrevista, ou diretamente convidado a preencher uma vaga, dependendo da visibilidade de seu trabalho e/ou do tema de pesquisa que a instituição pretende incorporar. Ora, se os concursos acadêmicos brasileiros visam à democracia, então eles parecem mais justos e defensáveis do que os modelos norte-hemisféricos de admissão acadêmica, que implicam aliás em menor estabilidade empregatícia. Isso era o que dizia meu lado patriota, que infelizmente começou a derreter depois de eu participar de dois concursos no Estado de São Paulo.

Neste ponto, talvez já esteja evidente que eu não fui aprovado em nenhum deles. Mais importante: é possível que alguns leitores sintam cheiro de discurso de quem “não sabe perder”, ou “não respeita regras”, ou “não tem paciência de prestar cinco ou dez concursos como tantos de nós, afinal, fazemos”. Aos leitores que, por outro lado, têm cabeça aberta, deixo algumas perguntas. Qual mérito é julgado por provinhas escritas à mão? O da competência didático-científica? Ou o da caligrafia? Ou o da proficiência vestibulanda de cronometrar redação? Mas ora, autor do texto, que direito tens de reclamar? Não lestes que “a inscrição do candidato implicará na tácita aceitação das normas e condições estabelecidas no edital?” Respondo com mais perguntas. Quão justo é um concurso cujo edital: (1) publica uma lista de temas genéricos a serem cobrados na prova escrita e (2) cuja prova escrita mistura questões genéricas (i.e., até pertinentes ao edital) com questões inesperadamente específicas, refletindo a linha de pesquisa de um ou outro membro da banca examinadora? Quão idôneo é um concurso que, além de empregar as suspeições acima mencionadas, é montado para efetivar um docente já concursado pela instituição e pior: sem transparecer publicamente este viés?

Mas ora, autor do texto, as coisas são assim mesmo! Que tal, no próximo concurso, estudares artigos publicados pelos membros de sua banca examinadora? Mas ora, leitor, como julgar o mérito de um futuro produtor de ciência se ele se vê forçado a expedientes como: (1) estudar a literatura de membros da banca examinadora, mesmo que ela dificilmente motive uma colaboração após eventual aprovação; ou (2) contatar a instituição que lançou o concurso antes de se inscrever nele, de modo a conferir se vale a pena pagar pela inscrição, reservar quarto de hotel, comprar passagens, etc.?

Ocorrem-me essas reflexões e lembranças de minha pequena (mas já representativa) experiência em concursos acadêmicos. A conclusão a que chego é a seguinte. Concursos públicos para docentes são, mais do que outros tipos de concurso, sujeitos a ruído. De fato, seu pequeno porte e alta especialização torna o trabalho da banca examinadora inevitavelmente subjetivo e difícil. Então, já que é para admitir a subjetividade, é preferível que o processo seletivo vá direto ao ponto: avaliar habilidades didáticas e/ou projeto científico, atributos que não podem, absolutamente, ser medidos por provas escritas. Eu já ouvi de um docente que a prova escrita serve para enxugar o número de concorrentes, que para algumas vagas pode chegar a vinte. Realmente, uma banca examinadora não é capaz de avaliar dez ou vinte competidores em menos de uma semana. Mencione-se, ainda, que examinadores não-caseiros podem ter seu transporte e estadia pagos com dinheiro público. Então, já que é para reduzir o fardo da banca examinadora e (por que não?) esse eventual gasto com estadia, é preferível que se faça uma pré-seleção dos inscritos com base em credenciais comprováveis pela Internet ou Plataforma Lattes. Por exemplo, história escolar e produção bibliográfica, ponderando-se (é claro) especificidades de cada área do conhecimento. Aspectos mais profundos do currículo poderiam, a partir de então, ser presencialmente arguidos ou analisados na forma de memorial.

Decerto, outros prós e contras dos concursos brasileiros poderiam ser debatidos, especialmente por docentes honestos e por jovens pesquisadores que, como eu, são obrigados a manter a expatriação em seus planos B e C. Afora isso, concentro-me aqui no seguinte raciocínio. Entre as cartas marcadas de alguns concursos acadêmicos brasileiros, e as cartas marcadas de admissões acadêmicas estrangeiras, eu prefiro estas àquelas. Cartas marcadas por cartas marcadas, as estrangeiras parecem ser mais diretas-ao-ponto, sem se travestir, hipocritamente, de democráticas.

Juro que sou ufanista e quero fazer ciência no Brasil até minha velhice. Juro que quero voltar a defender os concursos acadêmicos brasileiros. Aliás, se alguém puder me vacinar de otimismo por meio de bons argumentos pró-concurso, ficarei agradecido. Por enquanto, infelizmente, martela-me um concurso que acabei de prestar na Unicamp. Já que concursos são públicos, tenho o direito de expor o edital, a lista de temas da última página do edital, e a prova escrita. Pois bem, vide abaixo. Pessoas das Biológicas, especialmente das Neurociências, identificarão a discrepância entre questões genéricas adequadas ao edital e questões (ou itens de questões) surpreendentemente específicas. Somente depois de gastar madrugadas escrevendo memorial sem dar atenção à minha esposa e filho, somente depois de gastar dinheiro imprimindo sete cópias de um memorial com 77 páginas, e somente após gastar tempo e dinheiro com inscrição presencial e comparecimento ao concurso, fui aprender sobre a dura verdade: a de que eu e colegas concorrentes estávamos servindo de fantoches na ilusão do “re-concurso”. Trata-se de uma aberração, em que a efetivação pós-período probatório requer novo certame. Este acaba, naturalmente, favorecendo o docente a ser efetivado às custas do desrespeito aos demais concorrentes, que: (1) ignoram as obscuridades por trás do edital e (2) não fosse o edital, estariam tocando em frente suas pesquisas ou buscando outras vagas.

Dos dez concorrentes que compareceram, a prova escrita filtrou dois, um dos quais já professor na instituição. E só para relaxar… Sabem como as notas foram divulgadas? No dia seguinte à prova, presencialmente, com abertura de envelopes lacrados, e lançamento das notas numa tabela projetada sobre tela! Minha emoção foi tremenda: senti-me na apuração das Escolas de Samba.

Link do edital: http://www.ib.unicamp.br/administrativo/sites/www.ib.unicamp.br.administrativo/files/07-p-1090-2015-pd-ib.pdf

Anexo I – Programa das Disciplinas

Conteúdo de Biofísica e Neurofisiologia das disciplinas em concurso:
1. Membrana biológica: estrutura e funções
2. Bioeletricidade: potencial de membrana e de ação
3. Sinapse: processamento químico; junção neuromuscular
4. Mecanismos de excitação/contração dos tecidos musculares
5. Organização anátomo-funcional do sistema nervoso
6. Sistemas sensoriais: receptores e transdução sensorial
7. Sistema visual
8. Sistema auditivo
9. Memória e aprendizagem
10. Plasticidade neural e recuperação de função
11. Controle neural dos movimentos somáticos
12. Sistema neurovegetativo
13. Controle neural das emoções: sistema límbico
14. Ciclo sono-vigília
15. Eixo hipotálamo – neurohipófise
17. Glândula pineal: controle da secreção e ações da melatonina
18. Controle central da temperatura e metabolismo corporal
19. Neurofisiologia comparada
20. Controle neural da fonação

Prova escrita

1) Nomear e classificar os principais tipos de sinapses e descrever as diferenças funcionais entre as sinapses químicas e elétricas. Discutir o papel funcional das sinapses químicas nos processos de plasticidade neural.

2) Considerando o sistema nervoso neurovegetativo, nomear as diferenças morfológicas entre o sistema nervoso simpático e parassimpático quanto:
a) A localização do neurônio pré-ganglionar;
b) A localização do neurônio pós-ganglionar;
c) O tamanho da fibra pré e pós-ganglionar;
d) Suas características farmacológicas e ultraestruturais;
e) Discorrer sobre as funções da divisão simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo no sistema cardiovascular, digestório e respiratório.

3) Considerando um adulto jovem, adequadamente sincronizado à flutuação diária do claro-escuro ambiental típico da alternância dia-noite, descreva a arquitetura de uma noite de sono, discutindo os estágios predominantes nos três terços da noite. Discuta o papel fisiológico dessa organização temporal dos estágios de sono.

4) Considerando um neurônio do sistema nervoso central de mamífero, discuta os mecanismos iônicos do potencial de repouso e do potencial de ação.

5) Neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo atuam como neurônios de primeira ordem respondendo a sinais endócrinos sistêmicos que informam a respeito dos estoques de energia do organismo. A respeito desses neurônios, responda:
a) Quais são os principais hormônios que os ativam/inibem;
b) Quais são os principais neurotransmissores por eles produzidos que são controlados em resposta aos hormônios citados no item a.
c) Quais são e onde se localizam os neurônios de segunda ordem deste sistema.
d) Quais são as principais consequências sistêmicas da ativação/inibição deste sistema.

Chegou até aqui, leitor pré-concurseiro? Obrigado. Então, imagine a situação. Você estuda, de maneira genérica, cada item da lista publicada no edital. Por exemplo, arquitetura do sono, sistema neurovegetativo e hipotálamo. Justo… De repente, se vê forçado a responder sobre a neuroquímica de um núcleo hipotalâmico específico, ou sobre a ultra-estrutura de neurônios pré e pós-ganglionares simpáticos e parassimpáticos. Assuntos que, estranhamente, refletem linhas de pesquisa de membros caseiros da banca. Aliás, você se vê forçado a “matar a saudade” das provas da graduação, apesar de estar realizando pesquisa de ponta, e apesar de já ter nas costas alguns artigos, colaboradores nacionais e internacionais, co-orientações, trocentos congressos, etc. Que tal passar por esse constrangimento sem ter a oportunidade de arguir sobre seu projeto didático-científico, ou sem ter a oportunidade de defender seu memorial?

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Ciência com fronteiras? (Inter)disciplinaridade na universidade brasileira

Suponha que, por uma mágica, pudéssemos trazer do passado alguns dos maiores cientistas e pensadores do século XX. Seria o “ciência sem fronteiras temporais”, através do qual gênios como o biólogo russso Theodozius Dobzhansky *, o físico dinamarquês Niels Bohr e o psicólogo social americano Stanley Milgram, e muitos outros, viriam reforçar os trabalhos em nossas universidades. Quem rejeitaria tão célebres figuras em seus departamentos?

Imagine que, entre os ilustres candidatos a professor vindos do passado, estivessem: Jean Piaget, concorrendo a uma vaga para professor de Psicologia do Desenvolvimento na Universidade Federal da Paraíba; e Karl Popper, concorrendo a uma vaga para professor de Filosofia e Método da Ciências na Universidade Federal de Alagoas. O que vocês acham, eles seriam aceitos?

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Convocação à Assembléia Geral de 12/9: Mudança de Estatuto e Eleições

São Paulo, 08 de setembro de 2014,

Prezado(a) Sócio(a)da SBNeC,

Vimos, pela presente, convocar todos os membros da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) a comparecer à próxima Assembléia Geral Ordinária de nossa  entidade, a realizar-se no dia 12 de setembro de 2014, a partir das 20h15, 20h15, na Sala Tucuns do Hotel Atlântico Búzios, Búzios, RJ, durante nossa XXXVIII Reunião Anual.

Este ano, além das eleições da nova diretoria, apreciaremos e votaremos mudanças propostas em nosso Estatuto, portanto é necessário obedecer a duas convocações separadas e que se delibere em segunda chamada – como prevê o próprio documento (versão atual do Estatuto pode ser consultada aqui).  Sendo assim, em anexo encontram-se as duas convocações, a saber:

As Assembléias ocorrerão em sequência, uma após a outra.

Na segunda parte, apreciaremos a Ata da Assembléia Geral do ano passado, que pode ser lida aqui.

Atenciosamente,

Cecília Hedin-Pereira
Presidente da SBNeC

 

_______

ANEXOS:

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Terremoto gerencial ameaça a ciência brasileira – a triste interdição do IB da UFF

IB -IFF agosto de 2014Uma grave falha estutural ameça derrubar o prédio do Instituto de Biologia da UFF, no campus do Valonguinho, em Niterói, que foi interditado na última sexta-feira, dia 15/08.

Apesar do evidente crescimento da investigação científica em nosso país ser notável, em particular na área biomédica (incluindo as neurociências), com muitas bolsas e oportunidades de se obter recursos, ainda enfrentamos dificuldades gerenciais elementares em termos de infraestrutura física, seja nas construções, que ficam muito aquém do adequado em função das limitações impostas pelas licitações, seja em seus aspectos de segurança, e mesmo na simples manutenção cotidiana. Regras muito engessadas para gastos e licitações, no afã de moralizar as contas, acabam extrapolando o que é racional e custando muito mais caro para todos no final. Já está mais que na hora de rediscutirmos essa parte da equação antes que todo esforço – investimento de recursos públicos – termine produzindo ótimos pesquisadores que não têm onde trabalhar.

A SBNeC solidariza-se com os colegas da UFF que estão passando por esta tragédia anunciada e coloca-se a disposição para encaminhar soluções que sejam suficientemente rápidas e duradouras ao problema.

Diretoria da SBNeC & Representantes Discentes
(Gestão 2011-2014)

PS: Reproduzimos, a seguir, mensagem do colega Roberto Paes de Carvalho Leia Mais »

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Eleições para nova Diretoria 2014-2017 !

Neste ano de 2014, a Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) elegerá sua próxima diretoria para o período 2014-2017. A Comissão Eleitoral, composta pelos Profs. Drs. Cláudio da Cunha (UFPR) e Aldo Bolten Lucion (UFRGS) divulga, aqui, o Edital de Convocação de eleições, abrindo período até 10 de agosto para receber inscrições de candidaturas. O processo eleitoral acontecerá durante nossa Assembléia Geral em Buzios, na sexta dia 12/09, às 21h.

Leia o Edital aqui

A Comissão Eleitoral

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Carta aberta ao Excelentíssimo presidente da FAPESP Celso Lafer

Caro Professor Celso Laffer,

Escrevo para contar minha história e manifestar profunda indignação com tamanho descaso ao pós-graduando Brasileiro.

É com muita tristeza que hoje, dia 5 de junho, vejo que a FAPESP não depositou, como de habitual, minha bolsa de doutorado. Motivo?

 “2.4.3 Todo comprovante em tamanho A4 ou maior (ex.: DANFE, cotação de preço, consulta aos cadastros fiscais públicos), deverá ser apresentado na posição “retrato” (vertical), ordenado sequencialmente, de forma individual sem ser colado em outra folha de papel. Os comprovantes nesta situação não deverão ser colados ou grampeados em outra folha nem entre si.”

A interminável maratona da prestação de contas é um desrespeito com os pesquisadores em especial com os pós-graduandos. Temos que perder dias de trabalho para anexar notas uma a uma colando-as em folhas numeradas A4. No entanto, não são todas as folhas que podem ser coladas na tal folha A4, algumas podem outras não. As notas maiores devem ser dobradas, mas não coladas; as páginas devem ser numeradas, e ninguém sabe informar como se numera as notas que não podem ser coladas. Enfim, uma verdadeira gincana do grampeia e cola.

Será que de fato mereço essa punição, por não cumprir essa norma? Seria ela de extrema importância na minha formação como doutor em ciências?

Obrigar uma mão de obra, teoricamente qualificada, desperdiçar seu tempo de trabalho realizando malabarismos burocráticos, não seria um surreal desperdício de dinheiro?

O pior, senhor Presidente, é saber que outros colegas, que mandaram a prestação igual à minha ou sequer identificaram as notas, tiveram suas prestações aprovadas. Ou seja, o processo além de patético é totalmente arbitrário.

Esse sistema parece partir do pressuposto que somos desonestos. Precisamos provar que não usamos o dinheiro indevidamente, quando, na prática, o senhor deve muito bem saber, os pesquisadores brasileiros comumente pagam de seu bolso para trabalhar. Leia Mais »

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Ciência com fronteiras?

Para a ciência, tão importante quanto a pesquisa em si é a publicação dos resultados, geralmente feita em revistas científicas especializadas. Isso permite que cientistas conheçam os trabalhos de seus colegas, aprendam com seus erros e acertos e conheçam suas ideias, mesmo que estejam em lados opostos do globo. No Brasil, professores e estudantes tem acesso gratuito  a uma grande quantidade de periódicos científicos  através de uma plataforma mantida pelo Ministério da Educação – a Plataforma de Periódicos da Capes.  Além dos artigos publicados em periódicos, a ciência também é veiculada por livros. A colaboração e intercâmbio de ideias e métodos estão no cerne da ciência e qualquer coisa que ameace essa comunicação é grave para o avanço científico.

Postagem submetida em maio de 2014:
Os autores devem acompanhar o Conecte e
avisar caso seu texto demore a ser publicado
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SBPC e ABC lançam carta contra eleição direta para reitor

A direção da SBPC e da Academia Brasileira de Ciência se manifestam contra eleição direta para reitor.
As duas entidades enviaram carta aos senadores solicitando uma audiencia pública sobre o projeto de lei que garante o processo de eleição direta para reitor. Na carta fica claro o posicionamento das duas entidades.
Qual é sua o pinião? Como deve se posicionar a SBNeC?

Leia, abaixo, a carta na íntegra:

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Grupo de discussão Discentes da SBNeC

Caros Colegas,

 

Conforme combinado na Reunião Discente realizada na nossa XXXVII Reunião Anual, em Belo Horizonte, foi criado na rede social Facebook um grupo de discussão dos Discentes da SBNeC [1] a fim de fechar algumas propostas a ser encaminhadas no 39° CONAP [2] bem como ampliar o debate sobre temas de interesse dos estudantes sócios da SBNeC.

Interessados em participar das discussões podem acessar o link abaixo da rede social. Para participar do grupo é necessário apenas estar cadastrado na rede social. Caso algum sócio não faça parte do Facebook,  ainda assim terá seu canal de comunicação com a representação discente e demais membros da diretoria via email ou pelo blog coNeCte.

 

1 – Grupo Discentes da SBNeC –  https://www.facebook.com/groups/358774637589177/

2 – 39° CONAP – http://www.anpg.org.br/gera_noticia.php?codigo=1796&tipo=1

 

Um abraço a todos

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“Você quer mesmo ser cientista?” Uma reflexão sobre a pós graduação e profissionalização da ciência

Nas últimas semanas, a proposta de regulamentação da profissão cientista1,2,3 assumiu uma ampla dimensão. De acordo ou não com a proposta de profissionalização, ela é uma realidade. Uma vez que essa questão não foi ao menos discutida seriamente sob a perspectiva das transformações no modo de produção científica, conceitos fundamentais estão sendo completamente ignorados.  Sentimos, portanto, que é importante expor essas questões e colocá-las para reflexão e debate.

Grande parte dos pós-graduandos acredita que a profissionalização é a solução para a melhoria de suas condições de trabalho e é importante, portanto, ressaltar que essa proposta propõe uma separação entre a ciência e pós-graduação. Ou seja, a profissionalização do cientista é uma questão, enquanto a melhoria de condições do pós-graduando é algo completamente diferente do que está sendo discutido na proposta de profissionalização. É importante que isso fique claro.

De acordo com a proposta de profissionalização, cientistas profissionais serão trabalhadores em ciência, com carteira assinada, enquanto os pós-graduandos serão aqueles que realmente querem se dedicar à carreira científica e acadêmica, e não somente trabalhar em ciência. Dessa forma, uma vez formados em qualquer curso de graduação, os recém graduados poderão escolher entre: (a) fazer uma pós-graduação stricto sensu ou (b) seguir a carreira de cientista (trabalhador em ciência). Alguns afirmam que, com essa separação, a pós-graduação ficará reservada para as pessoas que realmente demonstrarem autonomia intelectual e capacidade de eventualmente liderar um laboratório, enquanto quem não possui esses atributos poderá se tornar cientista. Leia Mais »

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Carta de Repúdio à mesa da SBPC

Após contato com a SBPC e site G1, sem sucesso, venho por intermédito de uma sociedade associada a SBPC e que tem um canal de expressão democrático disponível a todos os sócios, manifestar MINHA OPINIÃO PESSOAL.
Como sócio da SBPC venho aqui manifestar meu total desacordo com postura apresentada pelos senhores Laranjeira, Roselli e Asinelli apresentada na mesa:
“Dependência de drogas: o enfrentamento que queremos”. Não é de hoje que acompanho embasbacado a postura retrógrada, medieval e obscurantista do senhor Ronaldo Laranjeira que, diga-se de passagem, já provou por diversas vezes, em público, total despreparo e desconhecimento da causa que defende. Aproveita-se do título de professor doutor, da cátedra acadêmica para se intitular cientista e de sua prática como médico psiquiatra, para prestar um desserviço à ciência brasileira. Quando vai à mídia despeja turbilhões de inverdades científicas. Recentemente em sua entrevista no programa Roda Viva (pode ser vista no link), fica evidente tamanho despreparo ao debater com a senhora Ilona, pesquisadora idônea de postura bem fundamentada representante do Instituto Igarapé e da Rede Pense Livre. Laranjeira inventa dados sobre o consumo de maconha no estado do Colorado, nega os milhares de artigos científicos apontando o potencial medicinal da Cannabis sativa e se contradiz. Leia Mais »

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Questionário sobre problemas de importação em pesquisa

Caros Colegas e Professores

Por meio desses venho auxiliar, de maneira voluntária, o trabalho já conhecidamente incansável do Professor Stevens Rehen em tentar desatar as amarras da ciência brasileira, especialmente, no que se refere à importação.

Segue abaixo a bela reportagem produzida pelo jornalista Herton Escobar

http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/cientistas-buscam-solucao-para-gargalo-da-importacao/ Leia Mais »

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I Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade, de 3 a 5 de maio em Brasília

Em poucos dias, entre 03 e 05 de maio, Brasília sediará o primeiro Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade, uma oportunidade histórica para discutirmos questões importantes que residem na complexa interface entre ciência, política e costumes.

Saiba mais aqui.

Inscreva-se!  Participe!

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Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil: o cenário, as causas, as consequências e as providências!

Esse texto foi originalmente publicado no Blog Prisma Científico.

Por Cesar Coelho*

 

Antes de mais nada quero dizer que esse post ganhou forma após três fatos. O primeiro foi a leitura do texto “Você que mesmo ser cientista?” da Profª Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ. Aqui, tenho a pretensiosa intensão de aumentar essa discussão, abordando outras perspectivas, que tiveram fagulha nos outros dois fatos, uma palestra sobre Economia, Inovação e Empreendedorismo, ministrada pelo Prof. Mariano Francisco Laplane (Presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos Ciência, Tecnologia e Inovação – CGEE) na II Semana do Pós-Graduando da UNIFESP,  e outra sobre a relações entre as universidades e a indústria para inovação no Brasil, ministrada pelo Profº Luiz Eugênio de Mello, professor titular do Departamento de Fisiologia da UNIFESP e dirigente do projeto de um novo instituto de pesquisa da Vale do Rio Doce. Se alguma dessas pessoas chegar a ler este texto, desde já que se registre meu agradecimento por colocar em pauta discussões tão necessárias sobre o cenário da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Leia Mais »

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SBPC encaminha manifesto sobre Código de CT&I ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Confira a íntegra da carta enviada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no dia 9 de novembro. Leia Mais »

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Manifesto da ABC e SBPC sobre PL 4368 que redefine a carreira docente nas Universidades Públicas Federais

A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência divulgam manifesto sobre PL que redefine a carreira docente nas Universidades Públicas Federais:

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encaminharam no dia 20 de novembro um manifesto sobre o PL 4368 que redefine a carreira docente nas Universidades Públicas Federais.

Veja o documento reproduzido a seguir. Leia Mais »

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FeSBE manifesta-se em defesa das Universidades Públicas

Com algum atraso registramos o Manifesto enviado pela FeSBE à Exma. Sra. Presidenta Dilma Roussef em 06/09/2012, em apoio às Universidades Federais que recém haviam concluído uma das mais longas greves nacionais da história e com poucos resultados. O Manifesto resultou de proposta encaminhada pela SBNeC, cujo teor foi aprovado em nossa Assembléia Geral em 23 de agosto de 2012.

O texto do Manifesto está na sequência: Leia Mais »

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Após consulta com participação recorde, Comunidade Unifesp indica Soraya Smaili para Reitoria

Após consulta com participação recorde, Comunidade Unifesp indica Chapa 3 para reitoria

A consulta à comunidade Unifesp para a escolha da próxima gestão da reitoria da Instituição, realizada nos dia 16 e 17 de outubro, indicou com 39,06% dos votos, as professoras Soraya Smaili e Valéria Petri, da Chapa 3. O processo foi marcado por muitos debates e uma participação recorde, com mais de sete mil votantes, entre os 18 mil do colégio eleitoral.

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Mayana Zatz em defesa de um programa de importação sem fronteiras de insumos para ciência

Esta publicação encontra-se, na íntegra, neste linke.

COMO DEVERIAM SER AS IMPORTAÇÕES DE INSUMOS PARA PESQUISA CIENTÍFICA?

Quais são os entraves?

O Brasil que destaca-se mundialmente pela eficiência em programas de votação ou declaração de imposto de renda por meio eletrônico ainda usa  papel, carimbos e assinaturas (do pesquisador responsável e do dirigente da instituição) para autorizar cada reagente a ser importado para projetos de pesquisa. Isso, sem falar dos despachantes e burocracias para liberar os produtos da alfândega. Ou das greves que paralisam tudo. Gasta-se muito mais tempo para viabilizar uma pesquisa do que para executá-la. É dificil de acreditar, não?  Com isso insumos requeridos para experimentos científicos inovadores – que chegam em apenas algumas horas às mãos dos pesquisadores no primeiro mundo, permitindo que testam imediatamente suas ideias –  levam semanas e às vezes meses para chegar aos laboratórios brasileiros. Como competir com laboratórios internacionais de ponta quando a rapidez na pesquisa é crucial? Impossível. Leia Mais »

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