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COMO DEVERIAM SER AS IMPORTAÇÕES DE INSUMOS PARA PESQUISA CIENTÍFICA?
Quais são os entraves?
O Brasil que destaca-se mundialmente pela eficiência em programas de votação ou declaração de imposto de renda por meio eletrônico ainda usa papel, carimbos e assinaturas (do pesquisador responsável e do dirigente da instituição) para autorizar cada reagente a ser importado para projetos de pesquisa. Isso, sem falar dos despachantes e burocracias para liberar os produtos da alfândega. Ou das greves que paralisam tudo. Gasta-se muito mais tempo para viabilizar uma pesquisa do que para executá-la. É dificil de acreditar, não? Com isso insumos requeridos para experimentos científicos inovadores – que chegam em apenas algumas horas às mãos dos pesquisadores no primeiro mundo, permitindo que testam imediatamente suas ideias – levam semanas e às vezes meses para chegar aos laboratórios brasileiros. Como competir com laboratórios internacionais de ponta quando a rapidez na pesquisa é crucial? Impossível.
Como mudar esse quadro? Qual é a receita?
É muito simples.
1) Todos os pesquisadores brasileiros nas universidades ou institutos de pesquisas estão cadastrados no sistema Lattes do CNPq, uma plataforma excelente. Basta colocar o nome e aparece a sua biografia científica e linhas de pesquisa.
2) Com raras exceções, os reagentes necessários para as pesquisas são conhecidos, catalogados e já aprovados por agências reguladoras nacionais e internacionais. Bastaria ter uma lista de todos eles em bancos de dados acessíveis para qualquer pesquisador, via internet.
3) As agências financiadoras ao apoiar e destinar recursos aos projetos de pesquisas alocam um certo montante para material importado. Porque não vincular esse valor a um cartão de crédito com o nome do pesquisador responsável no mesmo limite aprovado para pesquisa?
Como seria na prática o programa ?
Toda vez que um pesquisador – já cadastrado – precisasse de um reagente bastaria colocar o nome do produto e solicitar sua importação. O programa “importe-pesquisa” ou “ reagentes sem fronteiras” localizaria o código do material, o fabricante e deduziria o valor do total de verbas de importação do pesquisador. E o melhor de tudo. O produto poderia ser entregue diretamente ao pesquisador pelo fabricante, no seu laboratório, sem ter que passar por alfândega, despachante e outros entraves burocráticos. Do mesmo modo que se importam livros.
Quais seriam as vantagens?
Além da agilidade para importar material de pesquisas esse sistema poderia gerar uma grande economia não só dispensando os agentes intermediários, mas permitindo que se importasse somente o reagente necessário para aquele experimento, sem necessidade de estoques, perda de material etc.. Cada pesquisador seria o responsável pelos insumos importados.
Presidente Dilma, dê um voto de confiança aos cientistas brasileiros
Repito aqui um apelo que já fiz várias vêzes: presidente Dilma, dê um voto de confiança aos pesquisadores. Tenho certeza que essas medidas, se implementadas, serão aplaudidas por todos os cientistas brasileiros e por aqueles que lutam por um país melhor. Elas poderão ser fundamentais para que o programa “Ciência sem Fronteiras” alcance os objetivos desejados e resulte em um salto qualitativo na ciência e tecnologia do Brasil.
Por Mayana Zatz
Revista Veja
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