Órgãos Perfeitos, a Cronobiologia e Charles Darwin


Charles Darwin dedicou parte do seu livro “A Origem das Espécies” ao que ele chamou de “Dificuldades da Teoria”. Uma delas e bastante complexa, que ele chamou de “perfeição de órgãos”, como o “olho”, que como ele diz em seu texto, “parece um absurdo, eu confesso, espontaneamente, que …(o olho) … possa ter sido formado por seleção natural”. Hoje, novos achados da Cronobiologia contribuem para dizer que o olho também foi formado pela seleção natural e Darwin ficaria encantado.


Darwin foi muito importante na minha carreira, pois a leitura de “A Origem das Espécies”, quando eu ainda era um jovem inquieto, entre 12 e 13 anos, foi um estímulo na minha decisão em seguir a carreira científica. Ler Darwin é entrar em mundo de sonhos, acompanhando seu texto, descobrimos como construir os argumentos em favor de ideia. É como uma conversa, é como ouvir da própria boca dele as explicações sobre a maravilha que é a história da vida. Além disso, há também a beleza da simplicidade de um grande cientista. Gosto de dizer que ler a “A Origem das Espécies” deveria ser uma experiência de todo cidadão que deseja ser alfabetizado cientificamente.
Foi lendo o sexto capitulo, “Dificuldades da Teoria”, que decidi estuda o Sistema Nervoso. Neste capitulo Darwin apresenta as principais dificuldades e objeções da teoria da seleção natural. No próprio capitulo sexto ele descreve duas delas, uma é a que chamou de “Os Órgãos Perfeitos”. Neste caso, ele usa o exemplo do olho. Seu questionamento era como uma estrutura complexa, que possui mecanismos múltiplos, tais como a acomodação do foco à diferentes distancias, o de permitir quantidades variadas de luz entrarem no olho, e as correções das aberrações esféricas e cromáticas, poderia ter sido formado pelo processo da seleção natural.
Darwin tentar explicar este fenômeno demonstrando que existem gradações, desde um olho simples até a um olho complexo e “perfeito”, sendo que cada graduação é útil para o animal que a possui. Este método de buscar graduações foi muito utilizado por Darwin para justifica a sua Teoria da Seleção Natural. O agradável e muito interessante para o leitor de Darwin, é encontrar as descrições que Darwin faz de seres vivos bastante particulares. Qualquer pessoa que goste de observar a natureza fica encantada com as belas descrições deste grande naturalista.
Porém, as gradações, ou melhor, os resquícios da “seleção natural” também podem ser visto no chamado “órgão complexo e perfeito”, como o caso do olho atual dos mamíferos. Recentemente, foi demonstrado que os olhos dos mamíferos detectam a luz não somente através das células fotorreceptores cone e bastonetes, mas que um conjunto particular de células ganglionares possui um fotopigmento, a melanopsina, e por isso são capazes de detectarem a luz. Porém, este sistema, que poderíamos dizer que é mais simples, não está relacionado diretamente com o mecanismo de formação da imagem, mas com funções bastantes “primitivas”, como o reflexo pupilar e a simples detecção da presença ou ausência da luz, fenômeno este que é fundamental para a funcionalidade do sistema circadiano. Estas células são necessárias para que o nosso organismo saiba que temos de dormir durante a noite e ficar acordado durante o dia. Por isso é que, em algumas pessoas, mesmo sendo cegas, eles ainda possuem o seu ciclo sono e vigília ajustado com a noite e o dia, pois eles perderam a capacidade de ver, por que as células fotorreceptoras, os cones e bastonetes morreram, mas as células ganglionares que possuem melanopsina ainda estão funcionado perfeitamente.
É, a descoberta das células ganglionares que possuem melanopsina e toda a sua funcionalidade, feita pelos cronobiologistas nos últimos 10 anos, são uma demonstração clara que ocorreram gradações e que a “Seleção Natural” é uma realidade e com certeza Darwin ficaria encantado com a Cronobiologia.

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