Trabalhos com Ressonância Magnética Funcional sempre geram muita discussão no meio neurocientífico. Recentemente, dois novos estudos prometem gerar ainda mais discussão. Um deles, na verdade, já está gerando.
O estudo, feito por Edward Vul (atualmente “in press” no Perspectives on Psychological Science), questiona as descobertas da Neurociência Cognitiva e Social. Esta área de estudo tenta relacionar a atividade cerebral com a tomada de decisões sociais e a percepção. A prática padrão consiste em realizar algum experimento dentro do aparelho de ressonância e depois correlacionar a atividade em certa região do cérebro com alguma variável comportamental, por exemplo, a pontuação do voluntário em determinada escala social. Para Vul, o problema ocorre na hora de escolher as regiões cerebrais: os métodos normalmente utilizados para se escolher essas áreas do cérebro não são corretos, o que gera no fim da análise uma supervalorização das correlações. Para fazer seu trabalho, Vul mandou questionários para autores de 54 trabalhos e determinou que cerca de metade desses trabalhos tinha algum tipo de falha estatística. Sua sugestão é que alguns trabalhos estão reportando diferenças encontradas ao acaso como significativas. Não é preciso mencionar a revolta dos autores dos trabalhos citados quando viram seus nomes relacionados com erros. Por isso, antes mesmo do artigo de Vul sair, alguns autores se juntaram e até agora já escreveram duas respostas ao artigo (uma está no site do BCN NeuroImaging Center e outra na Nature). Vul, por sua vez, já deu sua resposta. Apesar de todas as discussões e egos feridos, vale a pena acompanhar a discussão para ver os limites e méritos dessa técnica.
Em outro artigo, publicado na Nature, a relação entre a resposta hemodinâmica (medida pela ressonância magnética funcional) e a atividade cerebral é questionada. Em um experimento com macacos acordados, os pesquisadores Sirotin e Das registraram simultaneamente a atividade de neurônios do córtex visual primário e a atividade hemodinâmica desta mesma região do cérebro de macacos. A tarefa do macaco consistia apenas em fixar o olhar em determinado estímulo apresentado em seu campo visual por um determinado intervalo. A boa notícia é que a atividade desses neurônios era sempre acompanhada por um aumento de atividade vascular na região. Porém, em determinadas apresentações, o estímulo não era apresentado. Como essas apresentações não eram acompanhadas de uma resposta elétrica dos neurônios, não deveriam gerar aumento da atividade hemodinâmica no local. Correto? Errado! Apesar de não existir atividade elétrica nessas apresentações, ocorria mesmo assim um aumento da atividade hemodinâmica. Segundo os autores, esses resultados sugerem que essa atividade vascular não está necessariamente ligada ao aumento da atividade de neurônios daquela região; ela também pode resultar de mecanismos de antecipação no Sistema Nervoso Central.
Esses dois artigos prometem trazer a tona discussões importantes sobre essa metodologia tão utilizada nas neurociências.
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